“Como você aguenta escutar histórias tristes o dia todo?” Talvez porque essa não seja a forma como eu escuto as histórias. Não estou dizendo que não sejam histórias que comovem, mas com o passar dos anos na clínica não me parece que seja isso que está em jogo (e já peço desculpas, pois acho que será difícil me explicar).
Cada sujeito que procura ajuda merece ser escutado. E merece ser escutado com toda minha dedicação: sem julgamentos, sem menosprezo, sem achar que aquilo é pouco (porque muitas vezes o próprio sujeito justifica que aquilo é bobo).
E então histórias são contadas, fatos, verdades, fantasias, segredos. Às vezes “vomitados” em uma primeira entrevista, às vezes depois de inúmeras sessões. E uma das coisas que fica pra mim, e que torna suportável essa escuta, é a aposta nesse sujeito e a possibilidade de oferecer esse espaço.
Todos os dias eu faço uma aposta que eles conseguirão falar mais, conseguirão associar, que dão conta de se escutar e que eles irão voltar. Também de minha parte eu ofereço esse espaço: desde o espaço físico da clínica pensando com carinho, até essa escuta atenta.
Então acredito que seja por isso que dia após dia estou aqui. Alguém também me oferece esse espaço e essa escuta, e eu sei o apreço que tenho por isso. E vocês? Como suportam?
Sobre suportar escutar o sofrimento
“Como você aguenta escutar histórias tristes o dia todo?” Talvez porque essa não seja a forma como eu escuto as histórias. Não estou dizendo que não sejam histórias que comovem, mas com o passar dos anos na clínica não me parece que seja isso que está em jogo (e já peço desculpas, pois acho que será difícil me explicar).

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O desejo na análise
Engraçado né … fala-se tanto em desejo, mas ao olhar para a prática parece que ao menos no inicio, é muito mais o nosso desejo (enquanto analistas) que está em jogo.
Sobre a experiência do espelho
Trecho retirado do livro Real, Simbólico e Imaginário do Marcus do Rio Teixeira: “Laznik lembra que não se trata de uma simples experiência da criança diante do espelho. “De fato, o espelho seria o olhar da mãe, não apenas a experiência do espelho [...]”. E não poderia ser de outra forma, caso contrário, o Estádio do Espelho não se daria em crianças cegas de nascença.