A correspondência entre uma jovem – cujo saber ainda não sabido se volta para questões decisivas a respeito de como alguém se torna psicanalista – e seu interlocutor, formado no contexto da clínica e do ensino de Jacques Lacan – e de que o nome atesta, por homofonia, o insabido nos equívocos da fala -, é o palco onde se desenrola este convite de Jacques Nassif às sutilezas de uma leitura que se enriquece, sobretudo, da compreensão do que se esboça nas entrelinhas e não do que se consegue decifrar no escrito. Tendo como pano de fundo a redefinição do ofício de psicanalista ocorrida na Europa nas últimas décadas com base no que a legislação a respeito das psicoterapias passou a prever – e não na análise leiga, no sentido em que Freud a entendia -, as cartas aqui reunidas permitem vislumbrar não apenas que da clínica de um mesmo psicanalista pode decorrer tanto o melhor quanto o pior, mas também que todos os critérios sobre o fim (mas não os fins) de um tratamento psicanalítico que já foram definidos pelos próprios analistas tem como única utilidade revelar sua inconsistência. Numa experiência que se revelará psicanalítica, trata-se sempre de inventar uma solução para um problema jamais verdadeiramente estabelecido por aquele que sofre de seu sintoma. Em seu decorrer, a constatação de que não havia meios de resolver esse sofrimento se torna o recurso pelo qual o analisando fará sua queixa aflorar, abrindo-se à possibilidade de reorientar sua existência no mundo. Ao abrir mão da genealogia de um eventual saber previamente estabelecido, cuja forma corpórea se apresenta em quem o escuta, aprenderá com as próprias vísceras que alguém só se torna psicanalista, valendo-se da travessia de um padecimento pelo qual se deixa de ensinar.
Como alguém se torna psicanalista?
A correspondência entre uma jovem – cujo saber ainda não sabido se volta para questões decisivas a respeito de como alguém se torna psicanalista – e seu interlocutor, formado no contexto da clínica e do ensino de Jacques Lacan – e de que o nome atesta, por homofonia, o insabido nos equívocos da fala -, é o palco onde se desenrola este convite de Jacques Nassif às sutilezas de uma leitura que se enriquece, sobretudo, da compreensão do que se esboça nas entrelinhas e não do que se consegue decifrar no escrito.
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