Cheguei ressentida na análise. Algo sobre o qual já havia falado muitas vezes, e aparentemente compreendido, acontecera novamente. E novamente me incomodava. A analista questiona então o porque da chateação. Se eu estou afirmando que já havia falado sobre aquilo e compreendido os motivos da pessoa, porque voltava a me magoar. Não sei respondi. É comum esbarrar nesses “não sei”.
Senti que meu tom de voz foi mais alto que o normal nessa sessão. “Eu sei o que venho fazer aqui, sei sobre o meu limite e que me posicionar de forma diferente não necessariamente muda o que o outro vai fazer”. E ela volta a me questionar por que então estou magoada.
Dei voltas. Falei novamente do porque acreditava que ela fazia o que fazia, como eu me sentia, desde quando acontecia. E continuei dando mais voltas. Falei sobre os limites de cada um, a forma como enxergamos as situações, o que era bom nisso, o que era ruim. Falei sobre a parte que me cabia na situação, minha postura, minha culpa.
Então uma cena passa pela minha cabeça, e eu me permito falar dela mesmo sem perceber a conexão. Era sobre uma decisão que tomei e que estava magoando uma pessoa (a mesma por sinal, da qual eu reclamava).
Duas pessoas, duas decisões tomadas. Ambas acreditam que estão fazendo o melhor. “É ... também levo minha vida e tomo decisões que nem sempre a agradam”, afirmei.
Quantas voltas foi preciso dar? Quantas vezes foi preciso falar sobre o mesmo assunto? Não há atalhos em uma análise. É preciso agarrar o touro pelos chifres.
É preciso agarrar o touro pelos chifres
Cheguei ressentida na análise. Algo sobre o qual já havia falado muitas vezes, e aparentemente compreendido, acontecera novamente. E novamente me incomodava. A analista questiona então o porque da chateação. Se eu estou afirmando que já havia falado sobre aquilo e compreendido os motivos da pessoa, porque voltava a me magoar. Não sei respondi. É comum esbarrar nesses “não sei”.

Vamos participar dos Grupos de Estudos?
A ideia é oferecer um espaço de troca e produção de saber para iniciantes na prática clínica psicanalítica.CONHEÇA OS GRUPOS DE ESTUDOS
VER GRUPOS DISPONÍVEISVeja mais
Sobre se conhecer na análise
A gente sabe demais sobre tudo, tem certeza demais sobre tudo. Se por um lado alguns afirmam que análise é para “se conhecer melhor”, eu sinto que com o passar dos anos a análise me possibilitou o desconhecimento.
Sobre o nosso aprendizado
Por esses dias estava lendo um texto para um grupo de estudo que participo. Estamos discutindo a constituição psíquica e o texto era sobre real, simbólico e imaginário. Esse material é resultado de um seminário que aconteceu em minha cidade há mais de um ano e do qual eu participei. Foram quatro dias de muito aprendizado, mas também recordo que conforme o palestrante avançava, para mim, ficava difícil acompanhar.