Parece existir todo um folclore em torno da figura da analista. Me imagino em um safári ... “A sua esquerda vocês podem observar o analista, um animal um tanto quanto raro, não sorri, não fala, emite poucos ruídos. Normalmente encontra-se sentado em sua poltrona de couro com suas vestimentas discretas. Seu habitat não revela nada de sua identidade.” E aí? Reconheceram?
Não sei quando as coisas desandaram para este cenário. Freud tinha um consultório cheio de cacarecos, Lacan era espalhafatoso. De qualquer forma parece que algo se perde entre a função e aquele que a exerce.
E nas poucas vezes que esses pontos são deixadas de lado, surgem outras questões: “Descobri que meu analista é isso, é aquilo, gosta disso ou daquilo.” E isso de fato interfere na escuta? Também chega naquele dilema: “Não concordei com o que o analista falou. E agora?” Talvez a pergunta seja: por que você achou que ele ocuparia esse lugar de pura satisfação?
Voltando ao ponto inicial sobre a figura do analista, é importante lembrar que não existe uma única postura encarnada todo o tempo. Mesmo que Maria e José frequentem o consultório do Manuel, não é o mesmo analista que os escuta. As pontuações, uma risada, o tom de voz, tudo isso faz parte do manejo ... manejo este que estamos o tempo todo repetindo que é no um-a-um.
Mas tudo bem, vamos deixar o imaginário rolar solto! Faz parte do ofício trabalhar a transferência.
Psicanalistas: o que são? Do que vivem? Como se alimentam?
Parece existir todo um folclore em torno da figura da analista. Me imagino em um safári ... “A sua esquerda vocês podem observar o analista, um animal um tanto quanto raro, não sorri, não fala, emite poucos ruídos. Normalmente encontra-se sentado em sua poltrona de couro com suas vestimentas discretas. Seu habitat não revela nada de sua identidade.” E aí? Reconheceram?

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O desejo na análise
Engraçado né … fala-se tanto em desejo, mas ao olhar para a prática parece que ao menos no inicio, é muito mais o nosso desejo (enquanto analistas) que está em jogo.
Sobre suportar escutar o sofrimento
“Como você aguenta escutar histórias tristes o dia todo?” Talvez porque essa não seja a forma como eu escuto as histórias. Não estou dizendo que não sejam histórias que comovem, mas com o passar dos anos na clínica não me parece que seja isso que está em jogo (e já peço desculpas, pois acho que será difícil me explicar).