Eu faço parte da geração que ao entrar no faculdade ou no mercado de trabalho ouviu a frase “você precisa amar o que faz”. Por anos isso me tomou e me deixou frustrada. Eu já fazia análise na época e tinha um trabalho totalmente diferente do que tenho hoje e lembro de reclamar para minha analista o quanto odiava o que eu fazia. Também lembro de seus apontamentos sobre o quanto eu chegava feliz por isso ou aquilo ter acontecido no trabalho … mas claro que isso eu não (me) escutava na época.
O ponto é que eu, e acredito que muitos de vocês, entendeu a frase da seguinte forma: você precisa amar o que faz o TEMPO TODO, você precisa se sentir feliz trabalhando o TEMPO TODO. Ou pode ter entendido que precisa amar o que faz e não os resultados daquilo. Enfim, o ponto é que tomamos essa afirmativa como algo fechado e deixamos de fora seus furos.
Qualquer trabalho, emprego, etc, envolve muitas etapas. Será mesmo que vamos amar cada um delas? Será que não vai existir nenhum dia que vamos preferir estar fazendo outra coisa? Mas e ai? Isso significa o fim daquele trabalho ou é possível sustentar os dias ruins, as partes chatas, os pontos não tão agradáveis assim?
Por fim, o que significa o trabalho para você? Ele precisa ser agradável? Ele faz você se sentir útil? Ele te dá um sustento? Prazer? É desafiador? Você escolheu porque sabia que era bom nisso? Entendem como o trabalho pode significar muitas coisas e por isso chega a ser cruel o imperativo de “amar o que faz”.
Sobre a geração que deveria amar o trabalho
Eu faço parte da geração que ao entrar no faculdade ou no mercado de trabalho ouviu a frase “você precisa amar o que faz”. Por anos isso me tomou e me deixou frustrada.
Tayara B. Tomio
Publicado em 03/01/2021
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